30/11/-0001
Já estão prontos os primeiros resultados dos exames de diagnóstico da COVID-19 realizados no Laboratório de Biologia Molecular do Hospital Moinhos de Vento. Montada no bloco C da instituição, a estrutura começou a funcionar nesta terça-feira (12), com capacidade para realizar 200 testes RT-PCR por dia. Feito a partir da análise de secreção respiratória, o método é considerado o “padrão-ouro” para o diagnóstico da doença. O local receberá amostras coletadas pelas equipes de saúde do Hospital Moinhos e está aberto à demanda do SUS em casos emergenciais.
O laboratório foi construído com o objetivo de tornar a instituição autossuficiente em testes para diagnóstico da infecção pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2). A principal vantagem observada já nos primeiros 25 exames foi a rapidez em obter os resultados, que são liberados em aproximadamente 24 horas. Até então, as amostras tinham de ser encaminhadas a laboratórios terceirizados, e o retorno demorava entre dois e quatro dias.
Antes de o Laboratório entrar em funcionamento, o Superintendente Executivo do Hospital Moinhos de Vento, Mohamed Parrini, o Superintendente de Educação, Pesquisa e Responsabilidade Social, Luciano Hammes, visitaram o local, acompanhados pelo Coordenador Institucional de Pesquisa, Paulo Pitrez, e a equipe técnica que atuará nos testes de diagnóstico. Parrini destacou o compromisso da instituição com a responsabilidade social e com o fortalecimento de uma medicina de excelência. “É a materialização do Laboratório de Biologia Molecular para COVID-19 com tecnologia de ponta. Uma estrutura que não apenas nos torna autossuficientes, mas permite realizarmos pesquisas, ampliando ainda mais a nossa parcela de colaboração à comunidade gaúcha em meio à pandemia”, afirmou.
Segundo Luciano Hammes, só serão realizados no local testes com as amostras coletadas em pacientes com sintomas – leves, moderados ou graves – que consultarem ou que estejam internados. “É uma estrutura interna, sem acesso direto para o público. São os médicos do Hospital Moinhos que encaminharão os casos para exame, conforme os protocolos de atendimento”, ponderou.
O laboratório realizará também 400 exames PCR por mês para a Prefeitura de Porto Alegre, dentro do programa amplo de testagem que o Município está propondo no modelo da Coreia do Sul, referência mundial de enfrentamento ao coronavírus. Além disso, a estrutura servirá para diagnóstico de pacientes recrutados para protocolos de pesquisa e necessidades emergenciais da rede pública.
Estudo para avaliar a evolução da COVID-19
O laboratório de Biologia Molecular do Hospital Moinhos de Vento servirá de base para o estudo CoVIDA, realizado pela instituição em parceria com o Ministério da Saúde, pelo Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS). Serão analisadas características clínicas, fatores de risco, métodos diagnósticos e evolução da doença em 1.700 pacientes com COVID-19 atendidos no Hospital Moinhos de Vento e no Hospital Restinga e Extremo-Sul. Além disso, serão avaliadas a resposta imune, carga viral e co-infecções com outros vírus.
Corrida contra o tempo
O Laboratório de Biologia Molecular foi construído e equipado em 30 dias. O investimento soma R$ 1 milhão. Para aquisição de equipamentos, foram aplicados R$ 750 mil. A reforma do espaço físico, no bloco C do Moinhos de Vento, ficou pronta em dez dias, com recursos de R$ 250 mil. Em menos de uma semana, foram instalados e ligados todos os equipamentos. Mas ainda era necessário calibrar algumas máquinas, procedimento realizado apenas pelos fornecedores, que estão atendendo uma alta demanda.
“Chegamos a trabalhar quase no limite do tempo, mas contamos com a parceria dos fornecedores e das nossas equipes administrativas para garantir que iríamos dispor de mais esse serviço no combate à COVID-19”, acrescenta Paulo Pitrez, que é o médico responsável pelo desenvolvimento do laboratório. Ele também destaca a agilidade da Vigilância Sanitária da Prefeitura de Porto Alegre, que licencia as atividades de laboratórios, nas vistorias e na emissão do alvará.
O laboratório conta com espaço para recebimento das amostras, sala para extração do material genético do vírus, de preparo dos reagentes e de amplificação – ambiente onde fica o equipamento que indica se há ou não a presença de vírus no exame. Outro aspecto importante é que o Laboratório foi montado dentro do hospital, facilitando a agilidade do transporte das amostras e promovendo resultados mais rápidos e de melhor qualidade.
Investimento em excelência
O método de exame por RT-PCR para doenças infecciosas, no qual é feita a análise de amostras das secreções do nariz e da garganta, é considerado o “padrão-ouro” para diagnóstico da COVID-19. Ou seja: garante mais sensibilidade e segurança em relação ao de sangue, pois detecta uma porção do material genético em vez dos anticorpos – que levam mais tempo para ser produzidos pelo paciente. É a técnica recomendada por órgãos nacionais e internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), pois reduz a possibilidade de resultados falso-negativos.
O Hospital Moinhos de Vento adquiriu os equipamentos e protocolos de processamento das amostras mais modernos nesta área, garantindo acurácia elevada nos diagnósticos. Para trabalhar no laboratório, a instituição investiu em uma equipe de excelência, contratando pesquisadores e técnicos reconhecidos na comunidade científica e no mercado.
Também realizaram visita ao laboratório os superintendentes Assistencial, Vania Röhsig; Administrativo, Evandro Moraes; de Operações e Governos, Tanira Andreatta Torelly Pinto; Financeiro, Reimbran Pinheiro; e o gerente de Responsabilidade Social, Luis Eduardo Ramos Mariath.
Mais um reforço para a rede pública
Além dos 200 testes por dia realizados no novo laboratório, uma parceria do Hospital Moinhos de Vento com a Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) permite a realização de mais 150 exames de diagnóstico de COVID-19 por dia para o SUS e o monitoramento da epidemia no estado. As duas instituições estão aportando os recursos necessários para a operação de outro laboratório, localizado na universidade. Essa iniciativa tem o apoio do Ministério da Saúde, também por meio de projeto do PROADI-SUS. Além de aumentar a capacidade de diagnóstico para o Lacen, os pesquisadores avaliarão as diferentes cepas do novo coronavírus circulantes no Rio Grande do Sul. Até o momento, 400 pacientes foram incluídos no estudo.