18/07/2019
Uma ação diferente despertou a curiosidade de quem passeava pelo Parcão na tarde de sábado (20): uma sala de aula a céu aberto e a oportunidade de aprender a salvar vidas com as próprias mãos.
Esse foi o objetivo da atividade promovida pela Faculdade de Ciências da Saúde do Hospital Moinhos de Vento, que levou professores e alunos de enfermagem até o parque para ensinar procedimentos de reanimação cardíaca que podem ser realizados por qualquer pessoa – mas que são desconhecidos da maioria da população.
Segundo especialistas, mais de 80% das paradas cardíacas súbitas acontecem fora do ambiente hospitalar, o que torna a ação imediata das pessoas próximas até a chegada do socorro médico um fator essencial para a sobrevivência da vítima. Além disso, no inverno, a incidência é ainda maior em virtude do aumento da pressão sanguínea e do maior esforço do coração para bombear o sangue nas baixas temperaturas.
“Nesses casos o que importa é o tempo. Por isso esse treinamento é fundamental, porque não precisa de aparelhagem nem anos de prática”, destacou o cardiologista do Hospital Moinhos de Vento Leandro Zimerman, que fez questão de acompanhar a iniciativa.
Foi a consciência de que esse conhecimento é importante que atraiu o casal Jucilene e Gilberto durante o passeio com as filhas Maria Clara, de um ano e meio e Nicole, de 11 anos. A família ouviu atentamente as orientações e praticou as manobras nos bonecos disponibilizados ao público. “Todos nós treinamos pensando no cuidado um com o outro. Sabemos que no momento da emergência muitas vezes o primeiro contato é o familiar mais próximo”, lembrou o pai.
Para o Gerente do Instituto de Educação e Pesquisa do Hospital Moinhos de Vento, Júlio César de Bem, além da aula diferenciada para os alunos, a ação também reforçou a aproximação deles com a sociedade. “Hoje poucas pessoas sabem que esse processo de reanimação é tão importante e ao mesmo tempo simples de aprender”, comentou.
Depois de constatar o interesse do público na iniciativa, a diretora acadêmica da Faculdade Moinhos, Roberta Almeida, já projeta novas datas. “O objetivo agora é estabelecer um calendário com ações de educação para a comunidade a cada dois meses, para que possamos orientar ainda mais as pessoas sobre a prevenção de acidentes e a atuação de situações de alto risco. Queremos compartilhar o aprendizado construído dentro da faculdade e contribuir para qualificar as ações de saúde na sociedade”.
Como identificar e atuar diante de uma parada cardíaca?
O professor da Faculdade Moinhos de Vento, Rafael Luz Albuquerque, explicou os três passos primordiais para identificar uma parada cardiorrespiratória: “primeiro é preciso testar a consciência da pessoa; verificar se está respirando e checar a pulsação”.
Quando esses sinais não estão presentes, é hora de chamar socorro médico e iniciar as compressões torácicas com as mãos unidas e os dedos entrelaçados sobre o peito da vítima – na região entre os mamilos. Usando a força do tronco é preciso efetuar a compressão em movimentos rápidos e constantes – em média 100 vezes por minuto. “Não é só o profissional da saúde. Uma pessoa leiga que tenha esse conhecimento também pode ajudar a salvar uma vida”, ressaltou Albuquerque.